Geóloga apresenta estudo sobre prospecção de agrominerais na Bahia

Eleito um dos dez melhores trabalhos apresentados pela CPRM durante o 48º Congresso de Geologia pela inovação e representatividade, o trabalho sobre rochagem, de autoria da geóloga da Superintendência Regional de Salvador, Alessandra Blaskowski, aborda a prospecção de agrominerais na região de Irecê e Jaguarari, na Bahia.

A rochagem e a remineralização de solos são ainda relativamente pouco conhecidos no meio geológico e dizem respeito a técnicas que envolvem a aplicação de rochas moídas no solo para recompor a fração de minerais intemperizáveis portadores de nutrientes importantes para as plantas.

As rochas podem ser oriundas de pilhas de descartes de mineração e seu uso pode incluir a correção de acidez em solos. O estudo também pesquisou o potencial do uso de polpas de bacias de rejeito de mineração como fontes de fósforo, multinutrientes e condicionadores de solos.

O trabalho foi realizado por meio de convênio com a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Codevasp). A equipe do projeto contou com a supervisão da geóloga Magda Bergmann e com os pesquisadores em geociências Maísa Abram, Rubem Sardou e Oliveira Cavalcante.

A geóloga explica os resultados mais relevantes da pesquisa. "Esse trabalho ressalta não só a importância do passivo ambiental, como a importância do reconhecimento e estudo dos descartes de mineração sempre que eles envolvam a presença de rochas com potencial para remineralização de solos, como biotita-xistos, flogopititos, basaltos e metabasaltos, fonolitos e rochas alcalinas em geral, entre outras, buscando identificar materiais que posam ter aproveitamento agrícola".

Confira a entrevista com a geóloga autora do projeto:

Informe CPRM – Como você analisa a importância da rochagem nas áreas de mineração e agricultura?

Alessandra – O Brasil, país com uma rica economia agrícola, possui um território com uma diversidade geológica muito grande, com uma vasta gama de agrominerais, emprega intensivamente fertilizantes químicos, com gastos elevados com a importação de insumos para sua fabricação. Por outro lado, embora se tenha pesquisado também rochas ainda não exploradas, a disponibilidade de materiais já extraídos em pilhas de descartes e bacia de rejeitos de mineração dispensa novos processos de licenciamento minerário e ambiental, possibilitando seu emprego a curto-médio prazo e a custos mais reduzidos na agricultura. Esse aproveitamento, além de ser mais uma fonte de receita para as mineradoras, reduz os estoques de rejeitos e os volumes acumulados nas bacias de decantação, mitigando os seus passivos ambientais.

Informe CPRM – Todos os rejeitos podem ser aproveitados?

Alessandra – Não. As rochas foram caracterizadas quimicamente para determinação de óxidos maiores e elementos traços, buscando selecionar as fontes mais adequadas de nutrientes e micronutrientes capazes de serem disponibilizados para as plantas. A petrografia modal e difratometria de raios X foram procedimentos que visaram determinar os minerais onde estão alocados os nutrientes, pois a técnica inclui a certificação de que os minerais portadores de nutrientes possam ser reativos em solos em curto prazo. Ainda foram atendidos os limites de Elementos Potencialmente Tóxicos (EPT), como As, Cd, Pb e Hg, e de minerais inertes em solos (quartzo). Para isto foram utilizados os parâmetros da instrução normativa do MAPA IN 05/2016, recentemente aprovada, e que dispõe sobre as rochas silicáticas destinadas à remineralização de solos.

Informe CPRM – Quais os resultados mais relevantes da pesquisa?

Alessandra – O levantamento das pilhas de rejeitos das minerações visitadas incluiu a caracterização e a estimativa de reserva de cada litotipo e nas bacias de rejeito foram analisadas a granulometria e as propriedades físicas e químicas dos materiais, aportando-se informações sobre o tratamento dos minérios.

O trabalho resultou na proposição de fontes de potássio, como os flogopititos dos descartes dos garimpos de esmeralda (Cooperativa Mineral da Bahia, Campo Formoso e Pindobaçu); fósforo (bacia de rejeitos da Mineração Galvani, Irecê); cálcio, magnésio e corretivos de solos (rochas da Bacia de Irecê); magnésio, sílica e corretivos de solos associados a rochas máficas e ultramáficas das lavras de cromita (Mineração Ferbasa, Campo Formoso e Andorinhas); cálcio, magnésio e potássio de kimberlitos (Lipari Mineração, Nordestina); e ainda de fontes de multinutrientes e micronutrientes variados (bacia de rejeitos da Mineradora Caraíba S/A, Jaguarari). Para cada uma delas o projeto avaliou a viabilidade de utilização, logística e fatores restritivos.

Esse trabalho ressalta não só a importância do passivo ambiental, como a importância do reconhecimento e estudo dos descartes de mineração sempre que eles envolvam a presença de rochas com potencial para remineralização de solos, como biotita-xistos, flogopititos, basaltos e metabasaltos, fonolitos e rochas alcalinas em geral, entre outras, buscando identificar materiais que posam ter aproveitamento agrícola.

O trabalho "Prospecção de agrominerais na região de Irecê e Jaguarari – Bahia: uma proposta de metodologia para mapeamento agrogeológico" foi publicado Serviço Geológico do Brasil em Revista – Edição Especial do 48º Congresso Brasileiro de Geologia.

Clique aqui e acesse o estudo.

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