Áreas da CPRM incluídas no pacote de privatizações somam mais de 110 mil hectares

Os quatro projetos do Serviço Geológico do Brasil (CPRM) incluídos no Programa de Parcerias para Investimentos (PPI), anunciado pelo governo federal em setembro, totalizam 110.948,60 hectares. Para o diretor-presidente do órgão, Eduardo Ledsham, disponibilizar as áreas do CPRM para o mercado é um marco, tendo em vista que cabe ao órgão fomentar o setor de mineração e gerar conhecimento e dados que permitam atrair investimentos para o país.

"Durante muitos anos falou-se em licitar as áreas que constituem o patrimônio mineral da CPRM e por vários motivos isso não foi possível. Contudo, a criação do PPI e a inserção das quatro áreas prioritárias nesse programa permitirá que, finalmente, se promova a licitação das áreas", afirmou Ledsham, em entrevista por e-mail ao Notícias de Mineração Brasil (NMB).

As áreas do CPRM que foram incluídas no PPI são: o Projeto Fosfato Miriri, localizado na divisa dos Estados de Pernambuco e da Paraíba; o projeto de cobre, chumbo e zinco de Palmeirópolis, em Tocantins; o projeto de cobre de Bom Jardim de Goiás, em Goiás e o projeto Carvão de Candiota, no Rio Grande do Sul.

O Projeto Fosfato Miriri compreende sete processos minerários, totalizando 7.572,84 hectares. As áreas do projeto estão localizadas nos municípios de Goiana (PE), Alhandra (PB) e Pedra do Fogo (PB), em uma faixa paralela à costa com cerca de 45 quilômetros de extensão no sentido Norte-Sul.

Segundo Ledsham, entre o fim da década de 1970 e o início da década de 1980, o CPRM executou na região do Projeto Miriri 10.763,97 metros de sondagem rotativa, distribuídos em 247 furos. Desse total, 176 furos, que equivalem a 6.890,54 metros, estão localizados dentro de áreas ainda mantidas pela empresa. Nesses furos foram realizadas as técnicas analíticas de perfilagem gama; descrição e perfilagem geológica; amostragem dos horizontes fosfáticos para determinação de P2O5; óxidos de elementos maiores; composição mineralógica por difração de raio-X e análise petrográfica.

"Recentemente executou-se um levantamento geoquímico em sedimentos de corrente e solo, dentro do escopo do Projeto Fosfato Brasil (CPRM), que focou, principalmente, o entorno das áreas dos requerimentos. Esse levantamento mostrou uma série de alvos anômalos que coincidem com as áreas mineralizadas do depósito de Miriri, além de alguns novos alvos localizados na porção sul da bacia, o que pode abrir perspectivas exploratórias futuras. Para a reavaliação desse depósito foram realizadas 93 reamostragens e 489 reanálises de polpas para determinar P2O5 e óxidos de elementos maiores", declarou. No depósito fosfático de Miriri predomina mineralização em fosforitos maciços e laminados com teores de 18 até 33% de P2O5.

Já as áreas do CPRM no Projeto de Palmeirópolis estão na região Sul do Estado do Tocantins, no município homônimo ao depósito, e compreendem seis processos minerários, totalizando 5.500 hectares.

No depósito polimetálico de Palmeirópolis os trabalhos de pesquisa executados pelo CPRM, desenvolvidos até o final da década de 1970, compreenderam: mapeamento geológico nas escalas 1:10.000 e 1:2.000; coleta de 1.740 amostras de sedimento de corrente, analisadas por AA para Cu, Pb e Zn; coleta de 30.429 amostras de solo em malhas regulares 200x80m e 50x20m; 165 furos de sondagem rotativa diamantada em vários diâmetros (32.500m); 81 poços de pesquisa; uma galeria com inclinação de 30° no corpo C1, com 64,2 metros de comprimento transversalmente ao corpo de minério e com um ramal de 8,5 metros ao longo do mesmo e testes de beneficiamento em escala de bancada.

De acordo com o CPRM, foram definidos no depósito de Palmeirópolis quatro corpos de minério principal, denominados C1, C2, C3 e C4. A mineralização, polimetálica, apresenta teores médios de cobre de 0,91%, chumbo + zinco de 4,30% e prata de 22,21 g/t. Amostras anômalas em ouro são encontradas em diversos intervalos, porém a distribuição desse metal não foi devidamente estudada à época das pesquisas, apresentando um interessante potencial prospectivo. "Além disso, dados geofísicos e geoquímicos indicam a potencialidade para a descoberta tanto de extensões mineralizadas dos corpos de minério, quanto novos corpos não testados pela CPRM no passado", disse Ledsham.

A área do Projeto Cobre de Bom Jardim de Goiás, com uma área de 1000 hectares, fica 28 quilômetros ao Sul da sede do município homônimo, no extremo Oeste do Estado de Goiás. Durante a década de 1970 e 1980, o CPRM desenvolveu diversos trabalhos de pesquisa na região do depósito de Bom Jardim, incluindo mapeamentos geológicos em várias escalas de detalhe; levantamentos geoquímicos de sedimentos de corrente; abertura de picadas e amostragem de solos em malhas regionais e de detalhe; geofísica terrestre (magnetometria, IP, VLF) e execução de 40 furos de sondagem diamantada, com 8.001,5 metros, distribuídos em quatro alvos diferentes.

O depósito de cobre de Bom Jardim apresenta teores médios de cobre (Cu) de 0,44%, estando a mineralização aberta em profundidade e ao longo do strike, oferecendo oportunidade de significativa expansão desses recursos. Além da área mineralizada principal, duas anomalias coincidentes de chumbo (Pb) e zinco (Zn), definidas em malhas de solo e ainda não pesquisadas, apontam novas áreas de interesse prospectivo.

O Projeto Carvão de Candiota localiza-se no Sudoeste do Estado do Rio Grande do Sul, a cerca de 380 quilômetros de Porto Alegre, contemplando os municípios de Candiota, Hulha Negra, Pedras Altas, Pinheiro Machado, Bagé e Aceguá. O projeto é constituído por 56 processos minerários, totalizando uma área de 96.875,76 hectares.

O CPRM realizou nas áreas da região do depósito de Candiota 323 furos de sondagem diamantada, que equivalem a 40.034,63 metros. Segundo o órgão, em todos os furos de sondagem realizou-se perfilagem geofísica de raios gama, potencial espontâneo e resistência.

Cinco blocos de áreas do CPRM são considerados prioritários em termos de qualidade e quantidade de carvão, denominados Arroio Pitangueira, com 318 milhões de metros cúbicos; Arroio Pitangueira Norte, com 62 milhões de metros cúbicos; Arroio dos Vimes, com 401 milhões de metros cúbicos; Estância da Glória, com 402 milhões de metros cúbicos e Seival 2, com 182 milhões de metros cúbicos; totalizando cerca de 1,36 bilhão de metros cúbicos de carvão mineral, com características físicas e químicas muito semelhantes a outras minas que operam ou já operaram na região.

Segundo Ledsham, todas as áreas do CPRM a serem licitadas demandam investimentos complementares em pesquisa mineral, testes de beneficiamento, desenvolvimento de projetos de engenharia e estudos socioambientais. "O critério para seleção da empresa vencedora da licitação será o maior investimento para complementar a pesquisa nos próximos três anos e para se chegar a um estudo de viabilidade. Encontra-se em estudo a definição de um royalty a ser pago pela empresa vencedora quando da entrada em produção do futuro empreendimento", ressaltou.

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