Pesquisadores alertam para escassez de areia no mundo

Pesquisadores de universidades americanas e alemãs afirmam que o mundo pode ter escassez de areia por causa da mineração desenfreada em algumas regiões. Eles publicaram um artigo denominado "A tragédia iminente da areia" na revista Science, na sexta-feira (8), onde descrevem a escassez da matéria-prima, muito usada na construção civil, como um problema crescente com implicações sociopolíticas, econômicas e ambientais graves.

De acordo com os pesquisadores, que formaram um grupo de trabalho para monitorar a extração e o uso de areia ao redor do mundo, é preciso criar convenções internacionais que regulem a mineração, o uso e o comércio da matéria-prima.

Segundo eles, a rápida expansão urbana é a principal causa do aumento da apropriação da areia. A escassez é um problema emergente com grandes implicações sociopolíticas, econômicas e ambientais.

"Por exemplo, no Sri Lanka, a mineração extensiva de areia exacerbou os impactos do tsunami do Oceano Índico de 2004. Os altos lucros gerados pelo comércio de areia geralmente levam a conflitos sociais e políticos, incluindo a violência, a extração e o comércio ilegais e as tensões políticas entre as nações", afirmam no artigo.

Areia e cascalho são os recursos naturais mais extraídos no mundo, excedendo, em peso, a extração de combustíveis fósseis e biomassa, de acordo com o artigo publicado na Science. A areia é um ingrediente fundamental para o concreto, para a construção de estradas, para a fabricação de papel, vidro e eletrônicos. Ela também é usada na criação de aterros, na exploração do gás de xisto, empregado por sua vez para aquecer casas, gerar eletricidade e em fábricas, e nas obras de alimentação artificial de praias, para aumentar a extensão da orla.

De acordo com um relatório da divisão de meio ambiente da Organização das Nações Unidas (ONU), foram extraídos por meio de mineração 11 bilhões de toneladas de areia no mundo em 2010, apenas para o setor de construção. Um vídeo de 2014 da agência de notícias France-Presse diz que a China utiliza a cada ano um quarto da areia do planeta e que os projetos faraônicos de Dubai, no Oriente Médio, já esgotaram os recursos do emirado.

Os índices mais altos de extração ocorrem na região da Ásia-Pacífico, depois vêm Europa e América do Norte, diz outro artigo publicado pelo mesmo grupo de pesquisadores no site The Conversation. Os pesquisadores afirmam que os números registrados por agências governamentais e órgãos internacionais sub-representam a extração e o uso de areia no mundo, já que as estatísticas oficiais normalmente não incluem usos para além da construção. Há ainda, em alguns países, como a Índia, um "mercado negro" de areia, que explora e comercializa o recurso sem autorização, cuja movimentação também não entra nos registros.

Além das consequências ambientais da extração, que impactam o ecossistema, há a iminência do esgotamento: as fontes de areia levam milhares de anos para se renovar. Em alguns países, isso já faz parte do futuro próximo. No Vietnã, por exemplo, a demanda doméstica por areia já excede as reservas totais do país e, segundo o Ministério da Construção vietnamita, nesse ritmo o país pode esgotar a areia apropriada para a construção até 2020. Mas há alternativas: vidro moído, entulho ou conchas de mariscos recicladas podem substituir o recurso natural.

Demanda

A demanda por areia está cada vez maior, com o crescimento contínuo, a nível global, da urbanização, que impulsiona a construção civil, e o avanço do mar sobre a costa devido ao aumento das temperaturas globais.

De acordo com dados da ONU citados pelo The Conversation, o valor da areia no mercado internacional aumentou quase 6 vezes nos últimos 25 anos. Com informações do website Nexo e da imprensa internacional.

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