Restrição da Indonésia na exportação favorece níquel

"O macro está vencendo o micro." Este tem sido um refrão quase constante nos mercados de metais este ano, com as preocupações com o impacto da disputa comercial entre os Estados Unidos e a China sobre o crescimento global tendo superado os vigorosos fundamentos da oferta e demanda. No entanto, um metal industrial está conseguindo resistir a essa tendência: o níquel.
O preço do metal, que é usado na produção de aço inoxidável, está em alta desde que a Indonésia prometeu, na semana passada, seguir com os planos de interromper as exportações de minério de níquel não processado em 2022. A suspensão visa encorajar o desenvolvimento doméstico de setores de maior valor agregado como a produção de aço inoxidável.
Desde a semana passada, o preço do níquel subiu 9% para o maior patamar em 11 meses, acima de US$ 14.000 a tonelada, estendendo seus ganhos desde o começo do ano para 30%. Por outro lado, o cobre acumula uma alta de apenas 1,2% em 2019, enquanto que no caso do alumínio o ganho é de apenas 2,5%.
A Indonésia é o segundo maior exportador de minério de níquel do mundo, atrás apenas das Filipinas, e um importante fornecedor para a indústria siderúrgica da China. Se Jacarta prosseguir com a proibição das vendas do minério não processado aos mercados internacionais, isso vai limitar muito a produção chinesa de ferro-gusa de níquel (NPI, na sigla em inglês), uma forma mais barata do metal.
"Se uma proibição total for imposta, isso vai limitar seriamente a capacidade de produção de NPI da China, que hoje responde por 20% da produção mundial de níquel", disse recentemente em um relatório a BMO Capital Markets.
Analistas acreditam que as chances de uma proibição às exportações por Jacarta são altas por causa do crescimento acelerado de sua indústria doméstica de aço inoxidável, conforme demonstrado por uma enorme operação integrada na ilha de Sulawesi. Mas a Indonésia, a maior economia do sudeste da Ásia, é apenas um dos fatores que está levando a uma alta dos preços do níquel.
A demanda pelo metal supera a oferta há vários anos, ajudando a reduzir os estoques, que caíram de cerca de 500 mil toneladas na metade de 2016, para menos de 200 mil toneladas hoje.
A produção do aço inoxidável "300 series", que tem uma alta concentração de níquel, foi vigorosa no primeiro semestre na China, segundo operadores, embora os estoques também estejam aumentando, despertando dúvidas sobre a verdadeira força da demanda básica. Mesmo assim, isso ajudou a compensar a fraqueza em outros mercados e levou a um aperto real para alguns produtos. 
Outro ponto favorável para o níquel é a mudança para as energias mais limpas, uma vez que o metal é um componente importante das baterias que movem os veículos elétricos.
Essa narrativa otimista poderá se desfazer se um grupo de empresas chinesas for bem-sucedido em produzir mais barato o metal no grau adequado para baterias. Mas segundo consultores do setor, as possibilidades de sucesso são pequenas.
É claro que após uma sequência tão forte, é provável que o níquel – um metal notoriamente volátil – recue conforme o hemisfério norte caminha para uma trégua de verão. No entanto, se a demanda chinesa persistir e a Indonésia não recuar na proibição às exportações, a relação risco/recompensa do níquel parece favorável.

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