Riquezas debaixo do barro do chão

Locomotiva da região Nordeste, referência na indústria química, petroquímica, automobilística, agronegócio e turismo, o potencial econômico da Bahia não está localizado apenas acima do seu solo, mas também abaixo dele.

Debaixo do chão baiano tem ferro e urânio (Caetité), diamante (Nordestina), esmeralda (Campo Formoso), ouro (Santa Luz e Jacobina), nefelina (Itarantim), areia silicosa (Belmonte), fosfato (Irecê), cobre (Curaçá), vanádio (Maracás), grafita (Eunápolis), magnesita (Brumado), tálio (Barreiras), níquel (Itagibá), bauxita (Jaguaquara), barita (Contendas do Sincorá)…

A lista é grande. São mais de 40 substâncias minerais que ocorrem nos quatro cantos do estado. De norte a sul, de leste a oeste. A Bahia é o maior produtor do país de urânio, vanádio, cromo, magnesita e quartzo. O segundo de bentonita, grafita e níquel. O terceiro de cobre, água mineral, pedras preciosas, prata e rochas ornamentais. E por aí vai.

Tudo isso, junto e misturado, dá à Bahia o status de estado com a maior diversidade de minerais para o aproveitamento econômico do país e o mais promissor do setor, participando do clube dos maiores produtores nacionais de minérios, ao lado de Minas Gerais, Pará, Goiás e São Paulo.

Tesouro 100% mapeado

Essa riqueza está toda escaneada. Hoje, a Bahia é o estado mais bem estudado geologicamente do país, com todo o seu território mapeado por meio de levantamento aerogeofísico realizado pela Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM).

Disponível por meio digital, o estudo permite ao usuário manipular e reprocessar suas informações. "O estado se conhece geologicamente e possui um grande potencial ainda a ser explorado", diz Jorge Hereda, secretário de Desenvolvimento Econômico.

Além da pesquisa mineral, o estudo pode ser utilizado no planejamento e soluções de problemas em diversas áreas, como hidrogeologia, geotecnia, agronegócios, investigação forense e preservação do meio ambiente.

De acordo com Hereda, iniciativas desse tipo no setor contribuíram para colocar a Bahia como o primeiro estado do Brasil em interesse para a prospecção mineral. "Atualmente, há no Departamento Nacional de Pesquisa Mineral (DNPM) mais de 20 mil requerimentos ativos para a Bahia", revela.

Hoje, existem no estado 428 mineradoras (atividade contínua e sazonal), que disponibilizam 13 mil vagas de trabalho, sendo 85% delas na região do semiárido.

Hereda destaca que todo esse potencial e infraestrutura do estado é de fundamental importância num setor que movimenta milhões de dólares e que tem o poder de gerar 13 empregos indiretos para cada vaga de trabalho direta criada. "Nosso estado é um privilegiado. Tanto acima, quanto abaixo do solo", diz.

Segundo Reinaldo Sampaio, superintendente de estudos e Políticas Públicas da SDE, esse cenário abre uma perspectiva para que a mineração possa se transformar em importante instrumento de desenvolvimento do estado.

"Nosso ambiente geológico favorece o desenvolvimento – em escala e em diversidade – da indústria mineral, tornando-a um relevante fator de desenvolvimento, podendo levar a Bahia a ser um dos principais hubs de mineração do país", afirma.

Reinaldo aponta que o amplo domínio do conhecimento dos ambientes geológicos do estado torna possível uma estratégia de atração de investimentos de empresas minero-industriais, orientadas para a explotação de minerais ferrosos, não ferrosos e preciosos, cujos efeitos de backward e forward linkages – tanto de natureza produtiva (bens de capital e insumos) quanto tecnológicas – contribuirão para o crescimento cumulativo da economia baiana.

Formação geológica das antigas

A generosa formação geológica da Bahia é fundamental para a ocorrência da sua grande diversidade mineral. e isso vem de longe, de priscas eras. Começou no pré-cambriano, coisa de bilhões de anos. "A natureza foi bastante pródiga com a Bahia em termos de ambiências geológicas", revela Heli Sampaio, geólogo e coordenador do Museu Geológico da Bahia (MGB).

"Além de possuir as rochas mais antigas da América do Sul, a evolução dos processos geológicos é percebida em todo o seu território, favorecendo a uma diversidade de ambientes. Desde os depósitos de minerais mais comuns até os mais raros e de alta complexidade", afirma Heli.

Segundo a CBPM, a vocação metalogenética dos períodos arqueano e proterozóico na Bahia é realçada por um espectro diversificado de depósitos e ocorrências de minerais metálicos e não metálicos.

Vem daí os depósitos de ouro de Jacobina e Santa Luz, os depósitos de ouro-cobre-prata, alojados em rochas vulcanossedimentares de Ibiajara (distrito de Rio do Pires), os depósitos de ferro-titânio-vanádio de Campo Alegre de Lourdes e Maracás, de cromita de Campo Formoso e Andorinhas, de diamantes (kimberlitos) de Nordestina, dentre outros.

Toda essa riqueza mineral se encontra mapeada e catalogada em escalas que vão de 1:250.000 a 1:1.000.000 pela empresa. "A Bahia é o estado que possui um dos melhores bancos de dados e informações sobre o conhecimento geológico e os seus recursos minerais", revela Rafael Avena, geólogo e diretor-técnico da CBPM.

Braço direito da SDE no quesito mineração, a companhia tem sido de fundamental importância para o desenvolvimento mineral do território baiano. Suas atividades estão diretamente relacionadas aos estudos geológicos e à prospecção mineral, utilizando levantamentos geoquímicos e geofísicos como ferramenta básica para os programas avançados de pesquisa desenvolvidos, fundamentais na criação de um ambiente atrativo para a descoberta e o aproveitamento dos recursos minerais do estado.

Desde a sua criação em 1972, a CBPM – atualmente única empresa pública estadual do país no setor de mineração – tem contribuído diretamente para a descoberta e desenvolvimento de jazidas minerais na Bahia.

Fique por dentro das novidades